Som e fúria

Vivemos num mundo de muitas vozes. Muita informação. Muito barulho por nada. Tempestades em copo d'água. Uma verborragia desenfreada. Parece que precisamos falar e ouvir o tempo todo. Ouvir a última do vizinho. As notícias do dia. Ouvir as sirenes, buzinas, o lamento do vencido, a comemoração do vencedor. A TV ligada por hábito. Ouvir e não calar. Falar sobre si. Sobre os outros. Sobre a última tragédia. Sobre o jogo de futebol. Sobre a previsão do tempo.

Parece até que o silêncio é pecado.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Twitter: what are you doing? Microblog e microtextos para microcérebros




Uma espécie de blog, tipo um MSN e com alguns elementos do Orkut. Quando alguém tentava me explicar o que era, afinal, o Twitter, acaba caindo em algum dos comparativos acima. E eu continuava sem entender o porquê de tanta gente se interessar por esta ferramenta. O Twitter está na boca do povo nos últimos meses. Todo mundo têm, quem não tem quer fazer. Outros, como eu, procuram uma utilidade ou um argumento convincente para se render à nova mania virtual.

Confesso que não encontrei ainda NADA que me convencesse. E olha que eu tentei. Investi algum tempo olhando alguns perfis, clicando nos links, me apropriando da dinâmica da coisa. Até procurei alguns artigos na internet, empenhados em esclarecer o que é e para o que serve. Desisti de fazer o cadastro.

Segundo alguns tutoriais e matérias que li sobre o assunto, as utilidades do Twitter seriam:

- ler notícias seguindo o Twitter de site de notícias, revistas e jornais
(posso ler a notícia completa no site das agências e jornais)

- Para manter-se informado sobre tudo o que seus amigos estão fazendo
(Não tenho interesse em saber quem está tomando banho ou realizando outras atividades de cunho pessoal)

- Mandar micro scraps
(alguém já quebrou esta linha tênue entre público privado num site chamado Orkut. Para os mais reservados existe o MSN)

- Divulgar posts do seu blog
(Para quem está acostumado com microposts ler um post inteiro deve ser um suplício!)

- Divulgar eventos ou comentar palestras e eventos
(Não tenho empresa e não costumo organizar eventos)

- Comentar sobre os outros
(Os outros que também estão no Twitter? Prefiro usar o telefone)

Apesar de ter encontrado todas estas “utilidades”, chego a conclusão que o Twitter se resume a frase que acompanha o logotipo do site: “what are you doing?”. E ponto final.
Com 140 caracteres não dá para escrever muito mais do que isso mesmo. Além disso, é esse tipo de interesse que move outros sites de relacionamento, como o próprio Orkut. O Twitter é só mais uma janela atrativa do navegador que sempre vai estar atualizada, onde sempre teremos um feedbeck para uma microblogagem, sempre teremos uma resposta para algum comentário, sempre teremos amigos on-line e disponíveis.

É a filosofia do “tudo ao mesmo tempo e agora”. Você posta, alguém responde. A rapidez da superficialidade. F5 sempre novo. Não precisa nem pensar muito. Não há espaço para grandes idéias. A palavra chave é síntese. Sintetize seu pensamento, o mundo não tem tempo para divagações. Seus amigos não têm tempo e nem vontade de interpretar mais de 140 caracteres. E nem você tem ânimo, vontade e inspiração de escrever mais do que isso.

Na prática, é mais uma página para atualizar todo dia e se sentir culpado nos dias em que não dá tempo de conectar. Mais um site para dedicar algumas horas do dia ou da noite, enquanto a vida está acontecendo lá fora.


PS: Segundo uma pesquisa da Nielsen Online, que mede o tráfego da Internet, 60% dos internautas que aderem ao site desistem após um mês de uso. Há uma esperança?